Cadê os poetas?

Poeta Tulio Rodrigues
Foto retirada do Blog do B Silva




Num dia qualquer, minha mãe me mostrou uma matéria do Jornal O Globo sobre cinco poetas. O título da matéria: "Cinco poetas da nova geração falam da boa fase do gênero no país". Nada mais perfeito até constatar que a boa fase a que se refere o texto, não era em si sobre o sucesso da poesia, mas sim, sobre o sucesso editorial desses poetas no mercado.

Era a segunda vez no ano que a poesia ganhava destaque da grande mídia nacional pelo destaque no mercado. Antes disso, o sucesso do livro "Toda poesia", de Leminski, bateu recorde dos livros mais vendidos por semanas e até falei sobre isso aqui no blog (Leminski, a poesia nas alturas). Ver a poesia sendo destaque em qualquer lugar sempre me emociona.

Voltando a falar da matéria dos poetas Angélica Freitas, Fabrício Corsaletti, Alice Sant’Anna, Leonardo Gandolfi e Ana Martins Marques, é claro e nítido que o que fez os poetas ganharem destaque, foi o sucesso editorial que estão fazendo. Estão vendendo livros, vendendo poesia. Mas e os poetas que não tem a oportunidade de editar um livro? É difícil ou quase impossível encontrar editoras que apostem na poesia. A não ser quem aposte na publicação independente. Eu mesmo me enveredei nessa modalidade. Tirei dinheiro do meu próprio bolso e em 2009, editei o meu primeiro livro, o "Ensaio poético" e em 2010, o "Versos imaturos". Claro que sem o aporte de uma editora para divulgação e venda, não fui nem um sucesso editorial e nem tive destaque na mídia. Outros amigos poetas também o fizeram.

Uma maneira que ajuda a divulgar os poetas hoje em dia são as antologias. Há diversas formas de participar delas. É só investir um dinheiro num número de páginas que você terá a sua poesia rodando o Brasil e até outros países. Mas pela pouca divulgação, ainda vejo que é muito pouco. Por isso admiro os agitadores culturais que conheço que organizam antologias, sarais e encontros literários por aí.

A poesia parece hoje até um gênero descriminado e já na minha época de colégio foi raro tê-la em minhas lições, fico imaginando hoje. Outro ponto interessante é que com a popularização da internet, a poesia voltou a ter destaque pelo menos na grande rede. Através do Orkut, Rede Social que fez muito sucesso por aqui, muitos poetas puderam se reunir e interagir nas comunidades. Eu mesmo conheci e participei de muitas delas. Posso dizer que há muitos poetas de qualidade espalhado pelo Brasil e que você pode encontrar em blogs e em grupos no Facebook.

Ocorre é que não há espaço para os poetas no mercado editorial, na mídia, nas escolas... Os poetas hoje, junto com a poesia, parecem coisas extintas, o que nos leva a dizer que parece que a poesia morreu com Drummond, Vinícius de Moraes... Porém, ainda há vivos poetas como Ferreira Gullar, Adélia Prado... E com eles, toda arte poética parece parar ali, não há extensões, legados deixados, o que não é verdade. A poesia vive ainda e o legado deixado por esses grandes poetas vem sendo muito bem usada e usufruída por outros grandes poetas.

Mesmo esquecidos, nós, poetas, estamos aqui fazendo cada um a sua parte para que a poesia se mantenha viva e encantando corações e almas por aí.

Comentários

  1. Pois é Túlio, sou do tempo em que a poesia estava implícita na Literatura, brasileira e portuguesa.
    Sinto, hoje, como se a poesia fosse uma literatura "menor".
    Talvez a falta de tempo, conhecimento, levem a esta deturpação.
    Viva Leminski!

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    Respostas
    1. Infelizmente Rô, é triste constatar isso. Mas vamos batalhando com isso para provar o contrário!

      Viva Leminski, viva a poesia!!!!

      Excluir

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