100 anos de Vinícius - O poeta da paixão



Se todos fossem iguais a você, Vinícius, talvez o mundo fosse melhor, as pessoas seriam mais felizes e a miséria seria preenchida pela felicidade. Felicidade tantas vezes retratada em suas canções, poesias, sonetos, sempre em contraste com a tristeza, melancolia. Ao mesmo tempo em que cantava que "É melhor ser alegre que ser triste", cantava também que o "Amor só é bom se doer".

Se todos fossem iguais a você, Vinícius, talvez o nosso país estaria menos politicamente correto, menos corrupto, menos mecânico. Você que sempre andou pelo inverso do politicamente correto, foi Vinícius, foi poeta, foi letrista e acima de tudo, foi a si mesmo. A imagem que passa pelas milhares de imagens espalhadas sobre você, é que o Vinícius por trás das câmeras e do estrelato, foi o mesmo diante delas.

Se todos fossem iguais a você, Vinícius, o que seria de nós ao tê-lo multiplicado milhares de vezes nas pessoas? Seríamos, nós, pessoas melhores? O mundo seria melhor? Conseguiríamos viver como poetas iguais a você viveu como bem afirmou Carlos Drummond de Andrade?

Se todos fossem iguais a você, Vinícius, o mundo viveria de paixão, teria mais amor, pois, afinal, você viveu caminhando pelos labirintos dessa vida com e pela paixão! Em busca dela! Por ela! E para ela! Admiro essa sua busca que foi eterna até o fim da sua vida. Concluo que você tenha errado por essa busca, tenha acertado por essa busca e o prazer da busca por esse encontro pode ter sido a sua grande recompensa! Afinal, o que faria Vinícius ao encontrar, enfim, a paixão?

Se todos fossem iguais a você, Vinícius, a generosidade, longe de ser obrigação, seria uma virtude nas pessoas. Além de grande artista, foi mais do que um grande parceiro para seus parceiros, foi mais do que um grande amigo para seus amigos...

Se todos fossem iguais a você, Vinícius, talvez, teríamos mais capacidade de renovação, de renascer na mesma vida, de romper com a continuidade e nos recriarmos para o novo com a mesma qualidade do que foi criado antes. Impressionante como você se refez tantas vezes em si mesmo com uma capacidade peculiar que se estendeu profusamente em sua obra de maneira única a cada momento. Você foi samba, você foi bossa, foi afro, foi o branco mais preto do Brasil! Foi Vinícius! Plural no nome e sobrenome artístico: Vinícius de Moraes! Mas tão ímpar que é impossível que todos sejam iguais a você!

Vinícius, eu não tive o privilegio da contemporaneidade do seu tempo. Nasci quatro anos após a sua morte. Fato é que sua obra sempre esteve próxima de mim. Lembro-me de na infância ouvir a sua canção "A casa", mas sem saber da importância de seus compositores. Muitos anos depois, fui ao encontro da sua obra musical através de Chico Buarque. Ali, descobri o poeta, o dramaturgo, o cronista... Tantos Vinícius! Isso é a prova do seu legado que perdura ao longo dos anos e que continuará sendo levado adiante por milhares de apaixonados pela sua vasta obra! Vinícius, você é eterno! Viva Vinícius!


Twitter: @PoetaTulio

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