Poesia: Amor marginal
enlaçado sou a dama de meu lar,
preso como quer a sociedade,
formal como requer os padrões da burguesia
notar disformes jeitos de liberdade,
pulsar mais forte como um sabiá voando,
‘disformalizar’ em mim essa agonia
como prezar fidelidade a outro
sem ao menos ser fiel a mim,
ao meu eu, ao meu sentimento?
amar a si e a mais alguém
não seria mais um caso pressuposto
de infidelidade com consentimento?
o amor é posse,
unitário e não unidade,
tráfico inglório e mesquinho
vestido por mim pela ruptura dos padrões,
rasguei poemas, formas e certidões
para viver inadvertidamente meus amores
amei tanto e de tal forma
que me dividi em corpos,
em seios, em lábios, em sexos...
fui um cavalheiro de mil damas,
amei-as como se não houvesse amanhã,
fui fiel a cada sentimento, a cada momento...
momentos de gozo e de sussurros frementes
proferidos a cada segundo
que nos doamos por tesão e por amor
e não só de enlace de corpos vivi
fui mais além e colecionei histórias,
eternizei lembranças, me tornei inesquecível...
inesquecível como algumas dores;
impossível amar sem dor, sem dolo, sem sofrer...
impossível não chorar em vida pra viver
me resta essa insaciável loucura
de viver a cada instante de amar assim
marginalmente a cada dama
pra me sentir amado e fiel a vida o bastante
Twitter: @PoetaTulio
Facebook: Poeta Tulio Rodrigues
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