Leminski, a poesia nas alturas!

Poeta Tulio Rodrigues


Nas últimas semanas, tivemos uma surpresa na cena literária brasileira com o livro, “Toda poesia”, de Paulo Leminski entre os mais vendidos. Leminski desbancou todos os livros estrangeiros da série “Cinquenta tons”, como o “Cinquenta tons de cinza”, “Cinquenta tons de liberdade” e o “Cinquenta tons mais escuros”. 

Com a ‘estrangeirização’ de livros de fora (outros países) em nossas livrarias e sua febre, ter um autor nacional os desbancando é surpreendente e não pela qualidade de Leminski, pois ela é inquestionável, mas por ser um livro de poesia. O feito virou matéria de diversos portais da mídia e ganhou até um texto no blog do Caetano Veloso. Caetano afirma em seu texto: 

“(...) Ouvir dizer que um livro de poemas está vendendo assim no Brasil é escândalo. Tínhamos aprendido que poesia não vende. Exceto talvez na Rússia. No Brasil então… (...)”.

Aí me vem à pergunta: Não se vende poesia no Brasil por que ninguém lê ou não se lê poesia por que não se vende? Eis a questão que talvez não haja resposta, mas é óbvio que só vão vender aquilo que consomem, mas de que forma estão disponibilizando a poesia para ser consumida? Será que estão apresentando Leminski aos alunos na escola? Será que estão lendo poesia na escola? Talvez falte isso! 

Hoje, na internet, há um boom que já vem de muitos anos com a poesia desde os tempos da Rede Social Orkut. Agora é com o Facebook e Blogs. Eu mesmo faço parte dessa vertente e passei a ter contatos com outros poetas através dela. Não sei se as pessoas estão tendo esse primeiro contato com a poesia pela internet, o meu não foi. 

Poeta Tulio Rodrigues
Poesia "Iceberg" de Leminski
Meu primeiro contato com poesia foi em casa, através de um livro que encontrei na casa de minha vó, um livro de Cruz e Sousa. Ali passei a admirar a poesia e a querer escrever como Cruz e Sousa. Depois passei a conhecer poetas como Camões, Bocage, Olavo Bilac, Castro Alves, Vinicius de Moraes, Florbela Espanca e muitos outros que continuo lendo. Quero dizer que o meu contato não foi na escola e quando o tive, foi muito superficial. 

Talvez falte falar mais de poesia, despertar o interesse das pessoas, mas ela está escondida nos porões das Redes Sociais e dos Blogs. Mesmo os mais sucedidos poetas (Falo em questão de alcance), ainda são muito poucos. As editoras não investem na nova safra de ótimos poetas que estão aí. Mas isso é assunto para outro tópico e com certeza vou falar dos novos poetas. 

Voltando a Leminski, outro dia conversando com a minha amiga e poeta Vivi Mariano (sugiro visitarem o Blog dela, o Extravio de Mim) que havia comprado justamente esse livro, confessei que a minha passagem por Leminski foi superficial. Nunca me aprofundei na obra e pretendo fazê-lo agora que me despertaram o interesse pela sua poesia. 

Paulo Leminski veio do concretismo, entusiasta do movimento beatniks, era também músico, letrista, biografo (Olha a coincidência, Leminski fez a biografia de Cruz e Sousa), romancista, tradutor, produtor musical e poeta. Ufa! Leminski era camaleônico! 

Fico feliz que a arte poética esteja sendo consumida e desbancando os livros estrangeiros. Aliás, nenhum me desperta o interesse, sinceramente. Espero que por Leminski, descubram os novos poetas que estão loucos para serem consumidos. Viva Leminski! Viva a poesia!


Twitter: @PoetaTulio


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