Livre da poesia



Há algum tempo que eu ficava me perguntando se valeria a pena me desprender da poesia ou se conseguiria me expressar de outra forma que não fosse por versos. Apesar de ter flertado com outras modalidades literárias, a minha incapacidade de desenvolver algo em prosa em paralelo com os versos, me “desencapacitava” a tal ponto de me bater uma impotência ardil e o bloqueio inspiratório vinha quase que naturalmente.

Outra grande dificuldade foi em como encontrar a forma de me expressar; a figura de linguagem adequada ao texto, afinal, nem tudo é igual à poesia e o tal lirismo tão presente na poesia nem sempre corresponde adequadamente quando se vai falar de certos temas. Achar as palavras que faça que um texto fosse claro, objetivo também foi outro grande problema. Desde 2006 que escrevo poesia clássica; a trova, soneto... E a minha cabeça e as palavras se moldam a finco para a modalidade. Como me expressar sendo claro, objetivo numa linguagem de hoje?

A poesia como dizia Mario Quintana, não precisa ser entendida, mas uma história, um causo, sim! É evidente que no dia a dia, eu não uso palavras que muitas vezes escrevo! Palavras usadas num soneto não cabem para serem usadas no dia a dia. Quero dizer que se talvez, fosse conversar como escrevo, as pessoas iam ter que andar com um dicionário. A minha poesia ainda está muito longe da poesia do cotidiano que Vinícius de Moraes começou a propagar e a fazer.

Ainda não consegui modificar o meu jeito e a forma de escrever poesia, mas hoje já consigo me expressar em outras modalidades literárias falando de variados assuntos e o mais importante: Sendo claro e objetivo. Comecei com o assunto mais popular do brasileiro, falando de futebol. Não haveria outro jeito melhor, pois o futebol tem suas próprias linguagens de entendimento. O que também ajuda é que de tão popular, qualquer pessoa que ler um texto meu, consegue entender o que quero falar. Claro que dentro do nicho do futebol, há outros milhares de assuntos relacionados, mas a sua essência é transparente e isso já é o fundamental.

Hoje me sinto ‘livre’ da poesia no que diz a respeito a criação. A liberdade de criação e de expressão é de suma, fundamental. A inspiração também se condiciona a isso e por mais que seja maravilhosa a poesia, principalmente a clássica, eu, particularmente, me sentia preso. Esse exercício de poder flertar com outras modalidades da literatura me agrada. As ideias permeiam a minha cabeça e geralmente vão além, muito além da poesia.


Tulio Rodrigues

Twitter: @PoetaTulio

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